Em audiência em fórum de SP, Vannuchi relata agonia de Merlino, após suplício nos porões do DOI-Codi; ex-comandante não comparece e será ouvido em Brasília
27 de julho de 2011 | 20h 18
Fausto Macedo / SÃO PAULO - O Estado de S.Paulo
Em audiência na 20.ª Vara Cível do Fórum João Mendes, no coração de São Paulo, cinco testemunhas arroladas pela família do jornalista Luiz Eduardo Merlino relataram ontem atos de tortura a que ele foi submetido há 40 anos nas dependências do DOI-Codi – unidade do antigo II Exército – e atribuíram a violência ao coronel da reserva Carlos Alberto Brilhante Ustra, então major e comandante daquela unidade militar.
Declarou a testemunha Paulo Vannuchi, ex-ministro de Direitos Humanos do governo Lula, que naquele ano, 1971, também foi capturado e encontrou Merlino agonizante nos porões. "Na porta da cela 3, um jovem foi trazido e colocado em uma mesa escrivaninha para receber massagem de um enfermeiro que usava calça verde-oliva, que tinha um nome boliviano, traços indígenas. Essa massagem foi na porta da minha cela. Eu perguntei ao rapaz o seu nome, ele respondeu com uma fala muito enfraquecida, eu não entendi, achei que era Merlin. Eu era estudante de Medicina, notei que a massagem era feita em uma das pernas com um quadro de cor escura, cianose, risco de gangrena."
Enquanto fazia seu relato, Vannuchi desenhou um croquis da carceragem e entregou-o à juíza Claudia de Lima Menge, que conduziu os trabalhos de forma objetiva. Ela indagou aos depoentes se foram torturados ou se testemunharam agressões. "Ele (Ustra) comandou todas as sessões de tortura", afirmou Vannuchi.
A praça do fórum recebeu manifestantes que empunhavam cartazes, faixas e fotos de Merlino e de muitas dezenas de desaparecidos políticos. "Cadeia para o Ustra, Justiça para Merlino", pediam.
Disse a testemunha Joel Rufino, professor de 70 anos: "Fui preso um ano depois da morte do Merlino. Ouvi do carcereiro Oberdan que ele tinha sido barbarizado, as pernas ficaram gangrenadas e a única forma de salvá-lo era a amputação".
Merlino estaria com 63 anos. Integrante do Partido Operário Comunista (POC), ele foi preso em Santos, na noite de 15 de julho de 1971. No dia 19, seu corpo foi levado para o Instituto Médico Legal. A versão oficial: tentou fugir de uma escolta e foi atropelado na estrada.
Declarou a testemunha Paulo Vannuchi, ex-ministro de Direitos Humanos do governo Lula, que naquele ano, 1971, também foi capturado e encontrou Merlino agonizante nos porões. "Na porta da cela 3, um jovem foi trazido e colocado em uma mesa escrivaninha para receber massagem de um enfermeiro que usava calça verde-oliva, que tinha um nome boliviano, traços indígenas. Essa massagem foi na porta da minha cela. Eu perguntei ao rapaz o seu nome, ele respondeu com uma fala muito enfraquecida, eu não entendi, achei que era Merlin. Eu era estudante de Medicina, notei que a massagem era feita em uma das pernas com um quadro de cor escura, cianose, risco de gangrena."
Enquanto fazia seu relato, Vannuchi desenhou um croquis da carceragem e entregou-o à juíza Claudia de Lima Menge, que conduziu os trabalhos de forma objetiva. Ela indagou aos depoentes se foram torturados ou se testemunharam agressões. "Ele (Ustra) comandou todas as sessões de tortura", afirmou Vannuchi.
A praça do fórum recebeu manifestantes que empunhavam cartazes, faixas e fotos de Merlino e de muitas dezenas de desaparecidos políticos. "Cadeia para o Ustra, Justiça para Merlino", pediam.
Disse a testemunha Joel Rufino, professor de 70 anos: "Fui preso um ano depois da morte do Merlino. Ouvi do carcereiro Oberdan que ele tinha sido barbarizado, as pernas ficaram gangrenadas e a única forma de salvá-lo era a amputação".
Merlino estaria com 63 anos. Integrante do Partido Operário Comunista (POC), ele foi preso em Santos, na noite de 15 de julho de 1971. No dia 19, seu corpo foi levado para o Instituto Médico Legal. A versão oficial: tentou fugir de uma escolta e foi atropelado na estrada.
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