O magistrado entendeu que Ciro maculou a honra do senador alagoano quando, em entrevista, chamou Collor de “cheirador de cocaína”, “playboy” e “safado”. À época (1998), Ciro cogitava ser candidato a presidente da República pelo PPS. Questionado sobre o baixo nível das campanhas eleitorais, observou que esta seria a única forma de o povo compreender a linguagem e distinguir os bons candidatos dos picaretas.
“Dizem que campanha tem que ser de alto nível. Isso só interessa aos picaretas. Tem que ser o mais baixo nível, o que não significa má educação e nem violência”, disse o então pré-candidato.
Para justificar sua afirmação, Ciro Gomes lançou mão do que aconteceu no debate na televisão durante a campanha de 1989 entre os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor.
“Lula manteve o nível no debate com Collor. Não pode. Collor falou que Lula tinha um aparelho [de som] três em um e Lula ficou perplexo. Logo depois, Collor disse: você quis fazer um aborto em sua mulher. Collor baixou o nível e quem tinha rabo de palha era ele”, disse Ciro, e continuou. “Lula devia ter partido para cima. Ter dito: deixa de ser picareta, seu playboy safado. Eu sou um miserável do interior, vim num pau-de-arara. Engravidei involuntariamente minha namorada, mas não tinha dinheiro nem para comer. Passou na minha cabeça, esse negócio de aborto. Graças a Deus, ela não concordou. Minha filha está aí, estou criando. Agora, você é um playboy, cheirador de cocaína. Eu tinha mandado uma porrada nele (Collor) que ele tinha saído quase cego”.
O processo tramitou por 12 anos. O advogado Hélio Parente, que defende Ciro Gomes, já entrou com recurso, sob alegação de que a ação penal já havia sido julgada improcedente e o processo já prescreveu, de acordo com o novo Código Civil. De acordo com Parente, Ciro, que tem mais de uma dezena de processos contra si por calúnia e difamação, vislumbrou no caso uma resposta a uma situação hipotética, portanto, sem intenção de ofender a honra do senador.
FONTE: VALOR ECONOMICO
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