quinta-feira, 21 de julho de 2011

Pouco decoro e chantagem de aliados desafiam de Dilma

quarta-feira, 20 de julho, 2011 por Josué Nogueira às 16:57
Fonte: Blog do Diário de Pernambuco: José Nogueira

A preocupação do ex-presidente Lula com o modo de a presidente Dilma Rousseff conduzir a crise no Ministério dos Transportes pode ter lá suas razões. Afinal, ela corre o risco de perder patrimônio político por desagradar ao PR.
Mas alguém tinha de dar um grito de independência e sair da condição de refém que o governo assume ao repartir os ministérios com aliados sem levar em contas critérios técnicos.
Se tiver de pagar um preço no Congresso por fazer uma “higienização” na pasta de Transportes, que assim seja.
A governabilidade é garantida pelo apoio dos partidos no Legislativo. Mas não só. A opinião pública tem peso nessa história e, por razões óbvias, está do lado da presidente.
Afinal, o cidadão está cansado de ver os impostos pagos escorrer pelos ralos de corrupção. Se a comunicação oficial souber associar a imagem do governo ao combate de desvios, Dilma poderá conquistar a simpatia e a confiança da sociedade.
A presidente está surpreendendo pela objetividade e firmeza em não ceder as pressões do PR. E espera-se que use o mesmo critério – afastar sumariamente os envolvidos em esquemas de corrupção, seja de que partido for – em situações semelhantes.
Claro que ela sabe das sequelas que esta postura pode provocar. Mas, ao romper com modo de governar que sempre fechou  olhos e ouvidos para denúncias de superfaturamento, licitações viciadas, tráfico de influência e mensalões, Dilma aponta para uma seriedadade que se achava impossível de existir justamente por conta da troca de apoio por cargo.
A postura da presidente aponta para uma evolução no trato dos governantes com a máquina pública. Lula, tarimbado negociador, poderia usar seu trânsito no Congresso para convencer os partidos de que chegou a hora de parar de se olhar para o próprio bolso. E que chantagem é prima-irmã da falta de decoro (para não dizer falta de vergonha).